Marianna e Larissa conversam com o Coordenador de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Carlos, Paulo Mancini, que fala sobre Saneamento Ambiental e afirma que as discussões não devem ser restritas à engenheiros e pesquisadores: "É fundamental que a sociedade participe. Os profissionais de educação tem o papel fundamental de conseguir levar a discussão e convidar a população à participar das decisões, porque só com a população tendo conhecimento correto e mobilizada é que as políticas de saneamento vão ser implantadas com sucesso".
Paulo Mancini fala sobre o Encontro de Educação Ambiental
O Coordenador de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Carlos, Paulo Mancini, conversou com a gente na abertura do EA. Entre outras coisas conversamos sobre a educação formal, que deveria transformar-se e levar os educandos a uma “compreensão global” sobre o planeta terra. “Esse, para mim, é o papel da educação ambiental”, comentou. Paulo Mancini é muito sabido! Um verdadeiro militante do meio ambiente. Leia a entrevista então!
Eco-jornalista Marianna Nascimento (MN): Qual a importância do EA para a comunidade de São Carlos?
Paulo Mancini (PM): A principal importância é a permanência dele. São nove anos do encontro anual que têm reunido profissionais de educação ambiental. E esse encontro sempre foi organizado pela sociedade civil e mostra um esforço dela para o tema da educação ambiental. Outro aspecto é a intercambio dentre essa área... A gente trabalha dentro de instituições e a oportunidade de dividir experiências com outros profissionais é muito rica. E por fim, a importância fundamental é discutir o status que nós temos estabelecido, discutir o que tem de perverso nesse modelo, tanto social quanto ambiental e discutir as estratégias de mudança.
(MN): O principal tema do evento é discutir o saneamento ambiental. Em que parte esse tema contribuirá para a população da cidade?
(PM): Esse é um tema bastante amplo do ponto de vista da qualidade de vida. Dentro da área urbana. O saneamento inclui 4 serviços previstos pela lei de saneamento: água para abastecimento público, esgotamento sanitário, drenagem de água pluvial e lixo (resíduos sólidos) nós temos chamado de saneamento ambiental, o que inclui outros aspectos.... Quais são esses aspectos. O que eu acho muito importante, é que a discussão de saneamento sempre foi feita por técnicos. Engenheiros sanitaristas, civis, hidráulicos. Mas é fundamental que a sociedade participe, que os profissionais de educação tem o papel fundamental de conseguir levar a discussão e convidar a população à participar das decisões, porque só com a população tendo conhecimento correto e mobilizada é que as políticas de saneamento vão ser implantadas com sucesso.
(MN): Então estamos falando sobre educação ambiental, não estamos. O que é educação ambiental?
(PM): Eu digo que a palavra educação deveria se bastar. Pra mim a palavra educação tem um significado fundamental no momento histórico que estamos vivendo. A palavra educação tem uma conotação ainda muito clássica. Ou seja, derivada do iluminismo, derivada do pensamento moderno, racional, discutido a partir da renascença, da revolução industrial. Considera a separação entre o sujeito e o objeto observado. Entre o eu que observa e a natureza. São retirados todos os elementos que possam servir ao ser humano. É um paradigma da sustentabilidade ambiental, ele incorpora o sujeito à natureza a partir, inclusive da física quântica, sabe que o sujeito, quando observa ele interfere na realidade.
Então não existe uma realidade completamente separada do sujeito. A questão ambiental coloca um novo paradigma para a humanidade, em função dessa percepção que não podemos compreender o ambiente usando só a razão clássica. Então, o adjetivo ambiental, de uma maneira mais simples... Era sobre aquele sujeito que sabia se comportar bem, que sabia comer de uma maneira educada. Se tem uma folha no chão a pessoa tem que varrer. Então, a pessoa que tinha o conhecimento das fases da luas.... As pessoas da roça... Eram “jacu do inteiror”! Porque elas não sabiam usar talher! Então, o adjetivo ambiental acrescentou essa outra dimensão, desse saber que vai além... O saber de relacionamento com a natureza. A educação ambiental inverte o paradigma da “criança na escola”. Quando a gente pensa educação ambiental, o lugar da criança vai ser fora da escola, onde ela está trancada em quatro muros. Uma escola tem que ter um projeto pedagógico que faça com que a criança conheça seu meio, o espaço onde ela está inserida... O curso da água que passa na sua rua, a topografia do terreno.
Para mim, o adjetivo ambiental está ligado ao rompimento com o conhecimento clássico com educação e promover uma revolução na educação, que grandes mestres já trouxeram, como Paulo Freire.
(MN): Você disse que a barreira com a educação clássica tem que ser rompida. Mas, por exemplo, os jovens foram avisados, eles ficaram sabendo sobre esse evento?
(PM): Olha, eu vim hoje pra cá e uma das reflexões que tive foi essa, porque os eventos ambientais atraem tão poucas pessoas, à medida que as crises ambientais estão crescendo. A grande mídia tem uma divulgação mais ampla, mas mesmo assim não há o interesse intelectual das pessoas. Há 15 anos atrás teria um público maior. Eu acho que o problema não é de divulgação. Nós temos pensar em novas estratégias de comunicação e atração do público, porque eu não acho que as pessoas hoje estão menos conscientes que no passado... Estão muito mais conscientes, mas porque não comparecem para participar das discussões? Eu não tenho resposta...
O Coordenador de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Carlos, Paulo Mancini, conversou com a gente na abertura do EA. Entre outras coisas conversamos sobre a educação formal, que deveria transformar-se e levar os educandos a uma “compreensão global” sobre o planeta terra. “Esse, para mim, é o papel da educação ambiental”, comentou. Paulo Mancini é muito sabido! Um verdadeiro militante do meio ambiente. Leia a entrevista então!
Eco-jornalista Marianna Nascimento (MN): Qual a importância do EA para a comunidade de São Carlos?
Paulo Mancini (PM): A principal importância é a permanência dele. São nove anos do encontro anual que têm reunido profissionais de educação ambiental. E esse encontro sempre foi organizado pela sociedade civil e mostra um esforço dela para o tema da educação ambiental. Outro aspecto é a intercambio dentre essa área... A gente trabalha dentro de instituições e a oportunidade de dividir experiências com outros profissionais é muito rica. E por fim, a importância fundamental é discutir o status que nós temos estabelecido, discutir o que tem de perverso nesse modelo, tanto social quanto ambiental e discutir as estratégias de mudança.
(MN): O principal tema do evento é discutir o saneamento ambiental. Em que parte esse tema contribuirá para a população da cidade?
(PM): Esse é um tema bastante amplo do ponto de vista da qualidade de vida. Dentro da área urbana. O saneamento inclui 4 serviços previstos pela lei de saneamento: água para abastecimento público, esgotamento sanitário, drenagem de água pluvial e lixo (resíduos sólidos) nós temos chamado de saneamento ambiental, o que inclui outros aspectos.... Quais são esses aspectos. O que eu acho muito importante, é que a discussão de saneamento sempre foi feita por técnicos. Engenheiros sanitaristas, civis, hidráulicos. Mas é fundamental que a sociedade participe, que os profissionais de educação tem o papel fundamental de conseguir levar a discussão e convidar a população à participar das decisões, porque só com a população tendo conhecimento correto e mobilizada é que as políticas de saneamento vão ser implantadas com sucesso.
(MN): Então estamos falando sobre educação ambiental, não estamos. O que é educação ambiental?
(PM): Eu digo que a palavra educação deveria se bastar. Pra mim a palavra educação tem um significado fundamental no momento histórico que estamos vivendo. A palavra educação tem uma conotação ainda muito clássica. Ou seja, derivada do iluminismo, derivada do pensamento moderno, racional, discutido a partir da renascença, da revolução industrial. Considera a separação entre o sujeito e o objeto observado. Entre o eu que observa e a natureza. São retirados todos os elementos que possam servir ao ser humano. É um paradigma da sustentabilidade ambiental, ele incorpora o sujeito à natureza a partir, inclusive da física quântica, sabe que o sujeito, quando observa ele interfere na realidade.
Então não existe uma realidade completamente separada do sujeito. A questão ambiental coloca um novo paradigma para a humanidade, em função dessa percepção que não podemos compreender o ambiente usando só a razão clássica. Então, o adjetivo ambiental, de uma maneira mais simples... Era sobre aquele sujeito que sabia se comportar bem, que sabia comer de uma maneira educada. Se tem uma folha no chão a pessoa tem que varrer. Então, a pessoa que tinha o conhecimento das fases da luas.... As pessoas da roça... Eram “jacu do inteiror”! Porque elas não sabiam usar talher! Então, o adjetivo ambiental acrescentou essa outra dimensão, desse saber que vai além... O saber de relacionamento com a natureza. A educação ambiental inverte o paradigma da “criança na escola”. Quando a gente pensa educação ambiental, o lugar da criança vai ser fora da escola, onde ela está trancada em quatro muros. Uma escola tem que ter um projeto pedagógico que faça com que a criança conheça seu meio, o espaço onde ela está inserida... O curso da água que passa na sua rua, a topografia do terreno.
Para mim, o adjetivo ambiental está ligado ao rompimento com o conhecimento clássico com educação e promover uma revolução na educação, que grandes mestres já trouxeram, como Paulo Freire.
(MN): Você disse que a barreira com a educação clássica tem que ser rompida. Mas, por exemplo, os jovens foram avisados, eles ficaram sabendo sobre esse evento?
(PM): Olha, eu vim hoje pra cá e uma das reflexões que tive foi essa, porque os eventos ambientais atraem tão poucas pessoas, à medida que as crises ambientais estão crescendo. A grande mídia tem uma divulgação mais ampla, mas mesmo assim não há o interesse intelectual das pessoas. Há 15 anos atrás teria um público maior. Eu acho que o problema não é de divulgação. Nós temos pensar em novas estratégias de comunicação e atração do público, porque eu não acho que as pessoas hoje estão menos conscientes que no passado... Estão muito mais conscientes, mas porque não comparecem para participar das discussões? Eu não tenho resposta...